sábado, 15 de fevereiro de 2014

Portal

(Voz Narrador, imagem em negro, com um ponto de luz a expandir-se)

Imaginem um buraco. Um buraco no tempo. No espaço. Na realidade. Que realidade? A minha realidade.

A minha vida era simples, acordava, levantava-me, ia trabalhar, comia, voltava para casa, comia e ia para a cama onde tentava dormir. Tentava porque no dia seguinte acordava sempre um pouco mais cansado do que no dia anterior. A rotina fazia com que me mantivesse dormente e adormecido durante o dia. Não precisava de mais nada. As coisas eram feitas sem pensar. Um dia, um dia tudo mudou, quando o buraco de luz na escuridão se tornou tão grande que não conseguia fechar os olhos, mas quando os abria, a escuridão voltava.

Como podia eu estar a dormir com os olhos abertos e acordado com eles fechados?

Uma noite a luz era forte demais e com os olhos fechados levantei-me e fiquei de caras com a luz, redonda, do meu tamanho, como a entrada de um cano grande. Num impulso talvez motivado pela dormência da minha vida real ou por achar que era apenas um sonho, dei um passo em frente.

(O buraco de luz fecha-se rapidamente)

E aí... tudo mudou.