quinta-feira, 29 de maio de 2014

Incubo

Cena 1

Escuro, respiração pesada, bater do coração, passos vagarosos
- Sinto uma presença constante. Assim que fecho os olhos, sinto que não estou sozinha em casa.

Cena 2
Conversa entre duas pessoas, uma delas médico
- Não será algo que resulta de estares sozinha agora que te separaste?
- Não, não é isso. Antes de separar-me já passava por isto. Falei com o Pedro mas ele não acreditou em mim. Aliás, foi uma das razões que levou à nossa separação, eu sentir-me sozinha em muitos aspectos da minha vida.
- Ok… e não será sentires-te sozinha, independentemente de estares ou não, que originou tu sentires isso?
- Não sei… é real demais para ser coisas da minha cabeça (não deixando o amigo interromper) eu sei o que vais dizer, mas eu sei o que sinto. Peço-te que confies em mim.

Cena 1

Negro, respiração profunda e o bater de coração acentuado.

Pensei que fosse da minha casa, mas já senti noutros sítios. Aquele respirar que parece que chama por mim…

Cena 2
- Sendo só isso, não será algo que consigas ultrapassar com um comprimido para dormir ou assim.
- Não é só isso… (a mulher abre um botão da camisa revelando as nódoas negras no peito).

Cena 1

Do escuro, começa-se a ver a luz a vir do interior de um quarto que tem a porta fechada. A batida de coração aumenta. A luz apaga-se.

Os ataques começaram na semana a seguir à separação e estão a ser cada vez mais frequentes. Tenho medo de dormir, tenho medo de ficar sozinha. Não sei o que mais fazer. Tenho medo daquilo que ele possa fazer

Cena 2

- Ele?
- Sim… ele. Eu sei que é um homem, o seu fedor por vezes parece que fica entranhado na minha pele, sinto-me suja e por mais que me lave não consigo com que este cheiro e esta sensação desapareça.

Cena 1

Na escuridão, a pulsação aumenta, a respiração torna-se ainda mais pesada até que tudo pára. Ouve-se o barulho de uma porta a abrir, lentamente. A luz acende-se e grita. A porta fecha-se bruscamente e fica escuro novamente.