Cena 1 (e única):
Uma paisagem de uma planície alentejana, aparentemente sem vida, vasta, é observada pela câmara que se mantém imóvel.
Narrador-Sempre me disseram, desde que me recordo, que vivia fechado no meu mundo. Que deveria prestar atenção ao que se passava à minha volta. Para deixar de viver no meu mundo de fantasia. Eles não se apercebiam... eles não percebiam que isso só fez com que eu mergulhasse mais e mais nesse mesmo mundo.
Ao fundo, começa-se a ver uma nuvem de pó a formar-se.
Esse mundo onde eu encontrava os meus verdadeiros amigos, onde nada de mal poderia acontecer. E eles, talvez por incompreensão ou inveja, não sei, tentaram destruir esse mundo, esse mundo onde eu conseguia proteger tudo e todos. Eles não conseguiam ver, não conseguiam compreender. E tal como qualquer bom humano, o que não se consegue perceber, é para destruir.
A nuvem de pó começa a aumentar cada vez mais que se aproxima do ecrã.
Então eles atacaram o meu mundo, numa tentativa vã de me resgatar. Acreditando que destruindo o que não compreendiam seria a única forma de me terem da forma que desejavam. Mas era tarde demais. Eu não ia voltar. E eu não vou. Vou defender este mundo até às últimas consequências, até ao último suspiro.
À frente da nuvem em pó distingue-se uma figura humana, a voar a alta velocidade e percebe-se, apenas em segundos, que a nuvem é causada por ela. A nuvem engolfa todo o ecrã, sentindo-se os grãos de areia, pedaços de terra e árvores a bater contra a câmara.
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